Iniciação a Vida Cristã - IVC, Luzes e Sombras

Todos nós batizados gostaríamos de vivenciar as experiências dos primeiros apóstolos em suas comunidades de fé. Na alegria de amar e formar comunhão em torno da Palavra e Eucaristia. Perceber e vivenciar essas atitudes na Igreja do Século XXI é um verdadeiro desafio. O estilo catecumenal da igreja primitiva precisa ser revigorado. Dessa maneira, o Espírito Santo age e sopra onde ele quer, proporcionando a quem se abrir um lindo Pentecostes.

Vamos entender que a proposta da Iniciação a Vida Cristã quer englobar todas as estruturas eclesiais com a finalidade de que o essencial da fé seja comtemplado e praticado. Não adianta avançarmos pela metade, em essência todos devem caminhar para a direção do mistério. Como formar discípulos missionários em plena contemporaneidade? Este aspecto aflige todas as comunidades que se deparam com a proposta IVC.

Como sombras destaca-se em primeiro plano a ideia de que o novo sempre causa espanto. Quando nos deparamos a um processo de transformação das estruturas encontramos resistências em todos os planos. Estamos na maioria das vezes inseridos numa Igreja clericalizada e voltada para a conversação de movimentos e organismos que por muito tempo foram eficazes, mas que na atualidade não correspondem aos anseios da nova evangelização. Proporcionar que os filhos destas estruturas se tornem propagadores de métodos diferentes é o verdadeiro desafio.

Na Pastoral de Animação Bíblico – Catequética por muito tempo sobressaiu-se a abordagem tradicional do ensino. Foram décadas de formação enraizada na linha conceitual e doutrinária. O aspecto litúrgico-celebrativo-vivencial e a finalidade da mistagogia não tinham tanto espaço. A IVC provoca uma reviravolta nessas perspectivas e estimula a busca de retornar ao que realmente importa.

Contar com a boa vontade dos envolvidos, estabelecer ciclo de formações consistentes e constituir uma equipe disposta a quebrar paradigmas dentro da estrutura pastoral é um caminho necessário para ampliar as chances de fortalecimento da IVC. Caminhos sombrios podem surgir na caminhada quando parte dos envolvidos não se entrega ao processo. Dificuldades de aceitação Jesus Cristo também passou. Ele prosseguiu sem medo. O catequista e a comunidade unidos devem fazer propaganda da IVC, defende-la com garra. Os riscos para o retorno ao comodismo são constantes.

A falta da Pastoral de Conjunto também cria obstáculos para a estruturação dos itinerários e etapas da IVC. Sem articulação as pastorais ficam mancas. Não atingem o engajamento que poderiam alcançar.  Ser Igreja e sentir-se Igreja é uma das exigências do bom êxito do processo. As incompreensões e grandes seduções da sociedade secularizada distanciam do processo muitos irmãos que não possuem suas bases solidificadas na rocha da fé. Outra profunda indagação: como seduzir as pessoas que nasceram em contextos sem formação religiosa para uma vivência de fé fortalecida?

As luzes em meio ao processo da implementação da IVC são plurais e enaltecem a meta da Igreja em saída proposta pelo Papa Francisco. Uma Igreja que vive e celebra aquilo que acredita. Está disposta a importar-se pelos membros e encoraja-os a serem sal e luz no mundo. No processo da caminhada é importante conscientizar que nem tudo será completamente perfeito, o que na verdade dará sabor serão os avanços a longo prazo que só depois de um tempo as comunidades passam a perceber.

Introduzir a prática da Leitura Orante e os caminhos da Catequese querigmática para solidificar o processo da IVC são os primeiros passos que de modo direto modificam as linhas tradicionais da ação evangelizadora. Na sequência ganha-se a consciência das pessoas envolvidas a ponto de todos perceberem que é um caminho que não tem mais volta. O uso de bons materiais aliado a percepção de que somos como tela branca na perspectiva dos olhos do artista ajuda na busca de formação e em seguida uma linda aplicação na base.

Tornar Jesus Cristo conhecido e amado é o grande desejo do discípulo-missionário. Entender o contexto que estamos inseridos e contemplar as heranças histórico-sociais da nossa comunidade ajudam na bagagem de quem quer colaborar. Que possamos por meio dos nossos dons colocar em prática a alegria da beleza do mistério no qual cada um de nós é convidado a contemplar em palavras e em obras todos os dias desta vida.

Antoniel de Oliveira, Leigo cristão do MS