Catequese de Adultos: um Caminho de descoberta do Mistério da Fé

“Banhados em Cristo, somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo”.

Os sacramentos são sinais visíveis da graça de Deus. Graça esta que é dispensada de forma abundante e perene sobre a vida daqueles que se aproximam desta fonte inesgotável de amor e misericórdia.

Este artigo propõe fazer uma exposição a respeito da catequese de Adultos, sua importância na vida daqueles que iniciam, numa idade mais madura, o caminho que os conduz a plena participação na vida de Igreja.

Tem-se observado que nos últimos anos em nossas Paróquias se aumentou a procura pela Catequese com Adultos, isso é um bom sinal. Nos leva a crer que este aumento da procura pela catequese de adultos, encontra seu reflexo maior na necessidade de se buscar o sagrado, cultivar uma vida de fé e acima de tudo viver esta vida de fé.  Quando um adulto inicia este processo de evangelização e catequização surge um sentimento único na vida da comunidade, pois esperamos, que por se tratar de pessoas adultas, que se haja um sincero comprometimento com a comunidade cristã e que se queira de fato, fazer parte dela, como verdadeiros membros de Cristo, com a consciência de sua importância. Ainda que existam alguns perigos de se entender que a catequese é uma espécie de curso preparatório, onde ao final deste eu receberei um “diploma”, se tem notado um esforço para que essa visão seja desmistifica, para que realmente se colha bons frutos deste processo evangelizador, que certamente enriquece a igreja.

O RICA (Ritual de Iniciação à Vida Cristã) diz que “o Batismo, porta da vida e do Reino, é o primeiro sacramento da nova Lei que Cristo instituiu para que todos possam alcançar a vida eterna, e, em seguida, confiou à sua Igreja juntamente com o Evangelho, quando ordenou aos apóstolos: ‘Ide e ensinai a todos os povos; batizai-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo’”. (cf. n. 3)

O mandamento do Senhor é de ir e ensinar a ser discípulos. São dois verbos que tem uma profundidade muito grande. Ir, provoca o sair, e ensinar, provoca o viver. Necessitamos sair do comodismo de nossa casa e até mesmo da estrutura da igreja templo para se encontrar com os que estão à margem da evangelização, como nos diz o Papa Francisco: ‘ir para as periferias existenciais’. Precisamos ensinar para viver bem como irmãos e irmãs, uma família que teve uma boa educação tem uma boa convivência entre seus membros, logo, catequizandos bem ensinados se traduz em catequizados que vivenciam sua fé na comunidade.  Acredito que uma das causas da escassez de fiéis nas pastorais e movimentos que aceitem assumir novos desafios, seja exatamente a falta de uma boa caminhada de conhecimento das verdades defendidas pela Igreja. Ainda existem pessoas que não sabem o valor da santa missa, e que acreditam que vão à igreja para assistir a missa e não celebrar a missa; outros que batizam seus filhos pequenos por medo, crendice e não por convicção de fé. É óbvio que isso tudo, se torna um entrave para que se estabeleça uma verdadeira conexão entre fé celebrada, dentro da Igreja templo, onde se corre o risco de se ficar apenas no ritual, e a fé vivida, fora das paredes da igreja templo, que é a Igreja povo de Deus.

Dois modelos bíblicos inspiradores deste processo catequético com adultos, certamente são os discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35); e a passagem do Eunuco de Candace, rainha da Etiópia (cf. At 8, 26-40).

No primeiro texto o do evangelho segundo Lucas temos a realidade de dois discípulos que conviveram com Cristo, se alimentaram de suas Palavras, mas, devido o flagelo da cruz sofrido por Jesus, permitiram que a tristeza ofuscasse a alegria da ressurreição, a aparente e breve escuridão fizesse sombra na luz invicta que irradia do Cristo Ressuscitado. Foi preciso um processo catequético que os chamasse novamente à luz da fé para recuperarem o sentido de sua missão: “não estava ardendo o nosso coração no caminho, enquanto ele nos explicava as escrituras?” (cf Lc 24, 32).

No segundo texto o de Atos dos Apóstolos nos deparamos com Filipe que fora enviado por um anjo até o caminho que descia de Jerusalém para Gaza, para lá se encontrar com o eunuco, funcionário de confiança da rainha da Etiópia, que sentado em sua carruagem, lia o livro do profeta Isaías que refletia sobre a pessoa do Messias, Cristo, que como ovelha foi levada ao matadouro e não murmurou, não abriu a boca. O eunuco não entendia de quem o profeta falava, se era de si mesmo e de outra pessoa. Filipe, por sua vez, caminhando com este, anunciou a boa nova do Cristo Ressuscitado. Ainda no caminho, encontraram um local, onde tinha água e lá o eunuco pediu para que Filipe o batizasse em nome do Senhor.

Em ambos os textos percebemos a caminhada que o catequizando precisa fazer para se chegar à decisão final. Não se pode adiantar um processo, nem procurar atalhos, tampouco subterfúgios, senão este caminho ficará incompleto, e por conseguinte, não haverá uma boa adesão do catequizado à comunidade cristã. É preciso perseverar no caminho, para se chegar à meta pretendida.

Espero que o texto possa ajudar, a quem porventura o ler, a permanecer na esperança do Caminho certo que é Cristo, auxiliando sua comunidade e os irmãos e irmãs que estão à margem da evangelização a retomarem esta trajetória de fé e compromisso com a Igreja de Jesus Cristo.  

 

Pe Wagner Antônio Quim, msj

Paranaíba  / MS